O abandono é sempre uma decisão difícil, e no futebol não é excepção, mas por vezes é a melhor decisão a tomar.
Quando se abraça um novo desafio, normalmente a motivação está no seu ponto mais elevado. Integração num novo grupo de trabalho, novos adversários a defrontar, novos objectivos a atingir e, quem sabe, novo títulos a conquistar e recordes a bater.
No entanto, à medida que o tempo passa e as épocas se vão sucedendo, as coisas vão-se alterando. A monotonia vai-se instalando, chegando-se à saturação, os objectivos nem sempre são alcançados no espaço de tempo esperado, sendo consecutivamente adiados, até que se chega a um ponto de estagnação, em que parece que tudo está sempre na mesma e nada de novo, e principalmente de melhor, vai acontecer.
Mesmo quando a maior parte dos objectivos são alcançados, o desgaste natural provocado pelo tempo é suficiente para que surja a sensação que já não estamos nesse local por gosto, mas sim a cumprir uma espécie de obrigação, que por vezes é imposta apenas pelo próprio.
Atingir-se por esse motivo um ponto em que a melhor solução é sair, dar o lugar a outro e procurar novas paragens, novos objectivos, tentar ocupar o tempo de uma outra forma.
Para Quigley Ramsbottom esse ponto chegou esta semana. Chegado ao clube em 11-06-2009, como um promissor jovem guarda-redes de 17 anos, nível 4, nunca conseguiu sair da sombra de Pascal Beretta, guarda-redes titular, sendo sempre visto como o elo mais fraco do plantel.
A sua evolução, ao contrário da maioria dos colegas, nunca atingiu os patamares dele esperados, sendo agora, passadas 9 épocas, um guarda-redes de 26 anos, nível 11. Nunca conseguiu assumir-se como titular da equipa, sendo apenas utilizado para efeitos de rodagem, contando apenas com 46 jogos oficiais nos 981 dias que serviu o clube.
Aproveitando um altura de dificuldades financeiras no clube, Ramsbottom falou com a equipa técnica e a direcção e foi-lhe concedida a autorização para contactar um novo clube. Após alguns dias, surgiu a oferta de um clube argentino, o Lleida FC, que milita na série 7:25 da Pro League, que o Samba Juniors resolveu aceitar. Ramsbottom tem agora oportunidade de ter algo que nunca conseguiu ter no seu actual clube: jogar com regularidade.
É certo que ficam para trás dias felizes como a conquista da Hattrick League Cup na época transacta e a participação na Xpert Champions League esta época. No entanto, grande parte deste momentos foram vividos num local a que Ramsbotton está já bastante habituado: o banco. Agora, embora a um outro nível, o antigo guarda-redes do Samba Juniors poderá finalmente começara a viver mais o futebol dentro das 4 linhas, para o melhor ou para o pior.