A entrevista de hoje vem assinalar mais um marco histórico na comunidade portuguesa do XpertEleven. Certamente todos se lembram da primeira participação na XCL pelo Jp_rosa, da primeira conquista de uma taça oficial com o Madjer, da primeira vitória numa liga oficial pelo Pelikano, ou até mesmo a primeira chegada aos oitavos da XCL pelo Marco9Fernandes. Pois bem, agora escrevemos na história portuguesa do X11 o primeiro treinador a figurar no Top 5 mundial - FreddySophia. Não poderíamos passar esta ocasião sem uma entrevista a relatar os acontecimentos que o levaram a esta posição de destaque no mundo do X11.
Vamos começar pelo início: por que razão te inscreveste no X11?
Apenas comecei a jogar Xpert devido à insistência, que se prolongou por cerca de um ano, de um grande amigo que também joga Xpert:
João Lourenço. A princípio achei que se tratava de um jogo aborrecido, mas decidi arriscar. Estive aproximadamente um ano ao comando de uma equipa da 8ª divisão e nem subir conseguia. Pensei: «não entendo este jogo, é demasiado difícil».
Sendo assim, o que é que te agarrou para cá continuares?
Com a introdução do “centro de emprego”, a possibilidade de mudar para uma equipa com mais valor, bem como jogar em divisões com melhores treinadores, fez-me mudar de equipa: tornei-me treinador do
Kyotiez Killerz a 2010-12-16. Nesse momento, olhei para a equipa que tinha nas mãos e fiz-me ao trabalho. Comecei a frequentar os fóruns, a discutir tácticas no café, a investigar como jogavam os “grandes” treinadores, mas, essencialmente, aprendi a ser bom treinador devido à enorme qualidade competitiva que caracteriza a liga que detém as minhas raízes aqui no Xpert e que durante muito tempo se mantém como a melhor liga privada portuguesa:
Azeitão Championship.
Tudo tinha outro sabor agora. Adorava ver os “meus putos” a subirem de forma, a jogarem em equipa. A mudança de época era sempre sinal de ansiedade, pois queria ver os “miúdos” a subir de nível. O amor ao Xpert tinha desabrochado. Quanto mais avançava no ranking, mais me concentrava na elaboração táctica, sentindo que era possível chegar mais alto.
Conta-nos então como foi a escalada ao nº 3 mundial. Qual é o sentimento de veres o teu nome no top 5, e ainda por cima seres o primeiro tuga a lá chegar?
"Sinto-me tal como era conhecido Ulisses, sofredor e divino.”
Após uma temporada no Kyotiez Killerz, o meu nível de treinador tinha subido em flecha. Apenas tinha perdido um jogo na 5ª eliminatória da taça e, infelizmente, nos penáltis. Na época seguinte, na qual ainda estou, decidi dar mais importância à taça. Consegui chegar até à 8ª eliminatória, perdendo outra vez na marcação de grandes penalidades. Contudo, consegui por duas vezes arrecadar o tão difícil prémio de treinador da semana. Após este caminho brilhante fiquei colocado em 6º treinador mundial, e a partir daqui senti-me a sofrer. Sabia que de agora em diante, apenas jogando numa competição, seria quase impossível chegar a terra firme, pois muitos treinadores jogavam em três competições, o que lhes possibilitava a ascensão rápida no ranking. Contudo, no jogo seguinte, algo de mágico aconteceu. O adversário acertou-me a táctica, quase conseguindo empatar o jogo. Vi o fim da minha aspiração, pois os seis meses de contabilização para o ranking tinham expirado. Nessa noite fiquei até às 2:15 esperando a actualização do ranking, oferecendo libações aos deuses, rezando a Zeus que me concedesse o destino de colocar os pés na terra pátria. Por volta destes minutos intermináveis, solto um olhar à classificação e vejo-me na 3ª posição mundial. Os deuses tinham escutado as minhas preces. Neste momento senti-me divino, apercebendo-me de que era o primeiro treinador português a atingir tal feito.
Não quero deixar de fora a fonte da minha energia, a minha deusa de olhos garços, que sempre me acompanhou nesta odisseia. Trata-se da treinadora
Novinha. Sem o seu apoio, sem o seu sorriso, sem o seu entusiasmo que também nutre pelo Xpert, ficaria perdido em mar alto para toda a eternidade.
Peço desculpa pela epopeia, mas queria partilhar a minha viagem convosco. Simplificando, senti-me feliz ao ver o meu nome na página inicial do Xpert, ainda por cima lado-a-lado à incomparavelmente bela bandeira portuguesa.
Estás perdoado, afinal de contas uma escalada destas merece uma história a condizer! Relativamente à ascenção que tiveste, achas que o facto de teres uma equipa a disputar uma fase da competição menos difícil te ajudou na escalada da classificação de treinadores em relação a outros concorrentes “mais famosos”?
Claro, isso é um facto. No entanto, nunca conseguiria ter chegado a este patamar se não tivesse combatido contra alguns gigantes na Taça, tendo em conta que esta é importante na atribuição de pontos para a escalada. Em todo o caso, se fosse assim tão fácil já teríamos visto algum nome português neste pódio, tendo em conta que muitos treinadores portugueses possuem equipas mais valiosas do que a minha e também se encontram a disputar fases da competição menos difíceis.
O que pensas fazer em relação à tua equipa actual? Vais utilizar o ranking elevado para dar um novo salto para uma equipa ainda mais avançada ou pretendes evoluir essa que tantas alegrias já te deu o máximo que conseguires?
Ainda não tomei nenhuma decisão relativamente a isso. Claro que seria agradável saltar para uma equipa com mais potencial do que a minha, mas é sempre muito difícil deixar os «nossos putos» nas mãos de alguém sem experiência.
Qual é a tua abordagem perante a preparação de um jogo?
No início comecei apenas por investigar os últimos jogos realizados pelos adversários e tentava que estes não acertassem a minha elaboração táctica dentro de campo. Isto até corria bem, mas ao enfrentar treinadores mais inteligentes e precavidos tive de melhorar a preparação. Comprava relatórios de jogos das equipas que tinham jogado com o adversário que iria enfrentar para tentar descobrir a sua “manha”, ou seja, como eles preparavam as suas contra-tácticas. Aqui já dispensava alguns neurónios, mas admiro-me, modéstia à parte, de nunca ter recorrido ao Excel, perdoem-me os “viciados”. O mais interessante e enervante aconteceu quando cheguei a uma posição aceitável. Aqui os treinadores começaram a preparar as suas tácticas contra mim como se fosse um jogo de glória, queriam ganhar-me pois eu estava num patamar invejado. Até mesmo aqueles treinadores que nunca preparam as suas equipas, contra mim jogavam defensivo, 5-4-1, passes longos, etc. A princípio achei que era uma atitude de crianças, mas depois percebi que eu, na posição deles, teria feito o mesmo, pois é sempre prestigiante ganhar a um “super-treinador” :)
Através das respostas que tens dado podemos reparar que dedicas algum tempo não só a estudar os jogos que disputas mas também a matemática por detrás deles. A partir de que ponto começas a ouvir o que diz o FreddySophia, em detrimento do que aprendes com as opiniões existentes nos fóruns dos treinadores “letrados”? Ou o processo desenrola-se em sentido inverso?
Sendo sincero, devo admitir que cheguei a um ponto em que já não prestava muita atenção a essa parte, à possibilidade de análise matemática, àquilo que se debatia nos fóruns, mesmo no momento em que aquela nova funcionalidade/estatística implementada veio trazer a possibilidade de visualizarmos a classificação de “qualidade” de treinador obtida em cada jogo. Claro que tentava intuitivamente optar por uma táctica de que o adversário não estava à espera e marcar a que ele iria utilizar, mas nunca tomei notas probabilísticas para “desvendar” o motor do jogo. Achava mais gratificante adivinhar o adversário. Nunca me importei muito a escolher opções que mais facilmente me pudessem proporcionar uma classificação de cinco estrelas, no final de cada jornada. A verdade é que por vezes a sorte me acompanhava quando o coração se enganava.
Acima de tudo, foi ouvindo o coração, tendo sido conduzido pela balança do destino, que o brilho aconteceu. O mistério por vezes não deve ser quebrado. Esse foi um erro que Psyque nunca deveria ter cometido, mas nós, pseudo-humanos que rastejam dia-a-dia a língua da razão pelos mais diversos trilhos da ilusão, contemos um desejo de morte que nos leva a querer levantar o véu mágico da religiosidade. Se tivesse dado asas ao entendimento nunca teria chegado a este patamar, pois outros bem-aventurados à terra pátria teriam chegado primeiro. Apenas gostaria de vos deixar um pedaço de humanidade, um pedaço que vos peço:
“Fôsseis vós, vós mesmo, enfim, um dos meus implacáveis inimigos, cessai de o ser para com as minhas cinzas, e não leveis a vossa cruel injustiça até ao momento em que nem vós nem eu já seremos vivos, a fim de que, ao menos uma vez, possais prestar a vós próprio a nobre justiça de haverdes sido generoso e bom quando podíeis ser mau e vindicativo; se é que o mal para com um homem que nunca o praticou ou quis praticar poderá chamar-se vingança.” Rousseau.
(Depois de 5 minutos a beber um chá de camomila para reflectir nestas palavras...)
Achas que o ranking traduz a capacidade de um treinador fazer boas tácticas?
Acho que tem mais a ver com a capacidade intuitiva do treinador do que propriamente com os resultados. Existem treinadores que querem sempre retirar o melhor que a equipa consegue produzir, isto é, se tiverem 3 avançados cabeceadores com certeza que iram jogar pelas alas, pois a sua performance irá ser melhor, contudo o adversário irá fechar-lhe as alas. Isto retirar-lhe-á algumas oportunidades de golo, mas nas poucas que terá irá marcar. Contudo, esta estratégia táctica provavelmente não o beneficia a nível do ranking. Por isso se percebe que ganhar jogos também não será um factor muito preponderante, pois poderemos ser bons treinadores mesmo ao comando das piores equipas.
Diz-se que os treinadores portugueses têm bastante qualidade, mas a verdade é que somos já o 2º país com maior % de utilizadores no jogo. Não deveria isso querer dizer que, pelo menos, fossemos também o 2º país com mais participantes na XCL, com mais treinadores no top 5, com mais vencedores de competições oficiais, e por aí fora?
Informas-me de algo que desconhecia. Saber que somos o segundo maior país com mais treinadores faz-me acreditar que um dia este jogo será nosso :) . Acho que a razão pela qual não temos tantos participantes na liga máxima do xpert se deve a uma pura questão de tempo. Quando olho para os suecos e para alguns ingleses, reparo que muitos dos treinadores estão no xpert há mais de cinco anos. Contudo, os portugueses parecem-me mais novinhos no que toca ao tempo de jogo. Apenas sei uma coisa. Nós, portugueses, temos uma alma futebolística, e isso certamente trará a curto prazo resultados visíveis, não tenho dúvida. Apenas temos de ter cuidado com os romenos, pois são bastante dedicados.
Sendo assim, o que falta na nossa cultura para alcançar estes patamares?
Penso que não falta nada, tudo virá a seu tempo. Basta reparar que ultimamente temos tido semana sim, semana sim, treinadores portugueses a alcançar o prémio de melhor treinador da semana. Nós gostamos de jogar xpert, de viver xpert. Acima de tudo gostamos de viver o futebol. Se fôssemos máquinas nórdicas já teríamos alcançado esses patamares, mas para quê? Para desistirmos após a conquista? Muitas das equipas e treinadores que vejo no Hall of Fame desistiram do jogo após ganharam tudo. Os portugueses gostam de passar bons momentos entre amigos e isso é o mais essencial, não queremos andar à porrada com outros para ver quem fica com a reserva Árctica :)
Vamos mudar um pouco o tema da conversa: em relação às alterações que têm sido feitas, concordas com elas? Substituições? E investimento nas camadas jovens?
O jogo tem evoluído de modo a ficar mais próximo da realidade, e acho que isso trará muitas vantagens. Por um lado, tornar-se-á mais interessante jogar, mas poderá ser mais complicado de gerir e treinar. Talvez se tenha perdido um pouco a simplicidade do jogo, mas agora teremos de fazer uma escolha: um pouco mais de xpert e menos de “fronhabook” :)
Foste votar?!
Fui, mas o voto é secreto :) . Votei sim. Embora a relação entre o dinheiro investido e os jovens talentos possa não ser completamente equivalente (tendo em conta que a probabilidade não aumenta assim tanto) e possa ocorrer algum desequilíbrio no mercado de jogadores, votei sim pois sou um sonhador. Quero viver a esperança de poder vir a receber um jovem muito bom e não aqueles 18/2 que tantas vezes já recebemos.
Qual foi a melhor alteração que fizeram desde que jogas?
De certa maneira, até foram as substituições, porque é muito interessante ter a possibilidade de alterar a equipa em campo e, por consequência, o seu nível. E manterei sempre a esperança de um dia ser possível alterar a táctica de jogo, não apenas os jogadores.
E qual seria a melhor alteração que podiam agora fazer?
Em jeito de brincadeira, lanço um desafio ao Xpert: Tal como muitos jogos de computador de gestão futebolística, deveria haver um quadro de objectivos a cumprir conforme a qualidade da equipa e, caso este não fosse cumprido, despedir o treinador que não conseguisse alcançar os objectivos traçados. Deste modo, talvez treinadores que se esforçam para combater neste mundo pudessem controlar boas equipas para além daquelas que são oferecidas pelo centro de emprego. No entanto, eu sei que o fascismo já acabou e eu não quero parecer sueco a falar :)
Vamos então agora a um jogo de escolha rápida!
• Nível vs qualidades especiais
Nível é mais audaz, mas escolho qualidades especiais, pois são elas que dão ainda alguma vida aos jogadores. É um sonho ter todos os jogadores com pinoco, inteligentes e frios.
• Evolução sustentada vs Evolução em bloco
Evolução sustentada. Gosto de ter uma equipa que lute um pouco na taça. Penso que o XpertEleven até deveria diminuir as hipóteses daquelas equipas com médias de 19 anos. Se quiserem fazer um mundial de juniores não sou contra, mas essas equipas infantis não deveriam ganhar tanto valor de desenvolvimento.
• 352 vs 451
352 pelo que tenho vindo a constatar é mais triunfante, mas escolho 451 pois é táctica das velhas raposas.
• Fórum vs Escrevinhar
Fórum. Foi aqui que descobri muitos segredos, dicas, entreajuda, necessários ao meu aperfeiçoamento xpertiano. Para ser sincero, nem sei muito bem para que serve o Escrevinhar :)
• Nº 1 no Ranking vs Hall of Fame
Hall of Fame é “fama”. Muitos chegaram lá nem sendo muito bons treinadores, basta, por exemplo, terem tido equipas com média de 33 anos, nível 16 e não inventarem muito, pois o que contava e ainda conta mais neste jogo é o nível com que se entra em campo. Sou adepto da modificação “matemática” do jogo.
• Campeonato vs Taça
Campeonato é a nossa vida como administradores duma equipa, mas escolho a Taça, claro. Aqui não há desculpas, o coração palpita a cada segundo que passa e, quando se ganha mais uma etapa, sentimo-nos, gloriosamente, divinos.
• Marcador de livres forte vs Guarda-redes forte
Entre estas duas hipóteses escolho naturalmente um guarda-redes forte, mas tenho de admitir que foi por ter um excelente marcador de livres que cheguei onde cheguei.
Quem é a pessoa atrás do ecrã do FreddySophia?
Pois, agora chegámos às questões mais complicadas. Poderei responder que FreddySophia é uma personagem muitíssimo enigmática que aprecia acima de tudo a sua namorada. Poucos amigos tem, poucos quer ter. Aprecia uma boa aguardente caseira aquecida num balão, e por vezes um bom bagaço, também caseiro se possível. Gosta de ler, assistir a documentários, e começou agora a ter alguma aproximação com a cultura oriental. Orgulhoso por ter chegado a 3º treinador mundial, nunca tendo o estatuto vip, contudo zangado com o xpert, pois prometeu, categoricamente, há cerca de um mês, dar prémios vip e afinal acabou, politicamente, por mentir a imensos utilizadores e isto nunca será esquecido. FreddySophia é filosoficamente calmo, mas intimamente conturbado por ver a pobreza mental e física alastrar-se pelo mundo. Concluindo, é um ser que daqui a alguns anos viverá no campo, com pouco, mas com o mais importante da sua vida a seu lado:
Novinha.
Muito obrigado pelo tempo despendido a responder a todas estas perguntas, e que estas tuas palavras e o teu feito sirvam de inspiração a muitos outros treinadores para tentar obter a mesma classificação!
Obrigado eu pelo tempo que despendeste nesta entrevista, e pela prontidão a esclarecer dúvidas minhas. Quero apenas, neste último bocado de papel, deixar alguns agradecimentos, visto muitos utilizadores só lerem o final das entrevistas :) :
Quero agradecer acima de tudo aos treinadores da minha liga privada,
Quinto Direito de seu nome, pois são eles neste momento os responsáveis pelo meu amor, dedicação e tempo partilhado com o xpert.
Quero também agradecer a todos os treinadores da
Azeitão Championship, liga onde nasci, liga onde aprendi, liga onde cresci, liga que sem o seu aplicado administrador,
Lmags, não conseguiria solidificar a harmonia necessária para desenvolver uma liga humana.
E agradeço fundamentalmente ao ser que todos os dias me dá vida, à minha aurora de róseos dedos,
Novinha.