Mas porque é que o treino é tão importante?
Por uma razão fundamental, é com o treino que tentamos manter os jogadores com forma alta e a soma das notações de forma, ao longo da época, resulta na forma média que, conjugada com o tempo de jogo, é o combustível para os CR que nos fazem ganir de felicidade.
Adicionalmente, pensem no seguinte, um jogador com forma alta pode jogar até 3 níveis acima do seu skill (conjugada com outros factores, essa diferença pode ir até 5 níveis). Ou seja, duas equipas com nível idêntico e tácticas semelhantes podem exibir-se de maneira completamente diferente, dependendo da forma dos seus jogadores. Quer isto dizer que uma equipa com a forma alta obtém, tendencialmente, mais vitórias e as vitórias resultam em menos descidas de forma e, por isso, em menos necessidade de treinos, o que é igual a poupança de econs.
Portanto, quem poupa nos treinos tem piores resultados desportivos e está a limitar a evolução dos seus jogadores, reduzindo consideravelmente a hipótese de levar a equipa a patamares elevados.
Quando é que pões um jogador a treinar?
Fiz esta pergunta básica a alguns treinadores experientes e obtive as seguintes respostas:
Lufinha - Após uma época, mal começa a nova, ponho todos os que estão abaixo de 16 de forma a treinar, sem excepção.
Durante a época, após um jogo, coloco todos os que ficaram abaixo de 16, excepto se tiverem mais de 31 anos, aí coloco a treinar se tiverem ficado com menos de 14.
Com putos de 17 aos 19 anos, a fasquia para começar a treinar é colocada no menos de 17.
Claro que tudo isto depende do $$$ que a equipa tiver. Às vezes têm que existir menos treinos sobretudo para os mais velhos, caso o $$$ não abunde.
Pelikano - Tipicamente, ponho os jogadores a treinar quando estão com tendência negativa de forma visível. Ponho também um ou outro jogador cujos valores estão bastante abaixo daquilo que pretendo. O básico.
Nando19 - Tenho algumas regras de ouro, mas fora isso é basicamente por instinto. Um dessas regras é planear o primeiro treino da época de forma a terminar no dia a seguir ao relatório de mudança. Outra regra é treinar qualquer jogador com forma de 16 para baixo. A partir daí, depende de vários factores. Por vezes tenho jogadores que mantêm formas altas durante vários jogos e nesses casos tento antecipar-me a uma possível e natural quebra. Depois, por exemplo em ligas privadas do estilo champions, tento planear os treinos a pensar na final.
Theacher - Coloco os jogadores a treinar mediante situações diferentes:
- A normal seta vermelha indicativa de abaixamento de forma;
- Dois ou três dias antes de ser conhecido o CR, para que as quebras de forma sejam rapidamente compensadas com o treino;
- Quando entendo que o jogador ainda não tem a forma média que acho que deveria ter.
Nunosa - Com a alteração recente (do verão passado creio) que acabou com a sobrecarga de treinos, de certa forma existiu um regresso ao passado na minha abordagem, passando a realizar muito mais treinos nos jogadores fundamentais. A fórmula que sigo não andará muito longe disto: sempre que a forma deles estagna, baixa (óbvio), está abaixo de 17/18 para os jovens, ou abaixo 13/14 para os menos jovens ou por fim quando sinto que após o próximo jogo a forma de certos jogadores vai baixar (principalmente avançados e guarda-redes). Idealmente teria equipas ricas para conseguir fazer isto, na realidade normalmente só consigo aplicar 1 vez por semana.
Pingasoares - Treino sempre nas seguintes circunstancias:
- Putos que tiverem menos de 18 barras.
- Jogadores de idade média que tenham a forma a descer das 16 barras.
- Jogadores mais experientes e titulares que estejam a descer das 13 barras.
- Jogadores lesionados com menos de 5 dias ou mais de 10 dias de duração.
Mcbrocks - Ponho os jogadores a treinar sempre que tenha guito para isso e eles estejam iguais ou inferiores a 17 de forma, independentemente da seta. Isto falando de jogadores até cerca dos 30 anos. Dos 30 para cima já reduzo para 15/16 conforme a idade.
Apesar de algumas pequenas diferenças, estas respostas simples dão-nos já uma série de pistas:
Planear o primeiro treino da época de forma a terminar no dia a seguir à publicação do relatório de mudança.
Porquê? Primeiro, porque a seguir ao CR a generalidade dos jogadores fica com as setas vermelhas (tendência de forma negativa visível) e se jogarem um amigável sem um treino anterior que mude essa tendência para positiva, acabarão, na sua maioria, por perder ainda mais forma. Depois, porque ganha-se tempo para um segundo treino antes do primeiro jogo oficial da época.
Treinar sempre que os jogadores têm tendência negativa de forma, ou seja, quando as setas de forma estão vermelhas.
Porquê? Receber uma notação de forma quando a mesma está com tendência negativa é o mesmo que arriscar mais uma descida. Ou seja, se possível devemos chegar ao dia do jogo com todos os jogadores com setas verdes.
Treinar sempre que as formas baixem de determinado nível.
Nos jogadores muito jovens são dadas respostas entre as 16/18 barras, jogadores de meia-idade entre as 13/16 barras, jogadores mais velhos abaixo das 13 barras.
Porquê? Para conseguirmos atingir e manter em cada jogador a forma média o mais alta possível.
É referida a questão específica do jogador lesionado.
Sabendo nós que a forma dos lesionados não sobe acima de 10 até entrar nos últimos 5 dias da lesão, será deitar dinheiro fora se, neste caso, insistirmos num treino que termine antes desse prazo. Isto apesar de esse treino poder resultar, também, na diminuição de um dia no tempo da lesão.
E é dada uma informação importante, a de que já não existe no jogo a sobrecarga de treinos.
O que é o mesmo que dizer que não há impedimentos a treinos repetidos do mesmo jogador, porque não há o risco de lhe baixar a forma e, no mínimo, alteramos-lhe a tendência para positiva.
Diria que se cumprirem estes pressupostos básicos, terão as vossas equipas bem treinadas.
Humm… já vejo gente a cabecear na plateia, vamos fazer um intervalo de 10 minutos para xixi, café e cigarro.
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Prontos para mais uma rodada? Vamos lá então.
Ora bem, falámos nos benefícios e momentos do treino. Quer isso dizer que nos basta treinar a equipa à
fartazana e todos os problemas ficam resolvidos, verdade?
Na senhora! O facto é que o jogo tem áreas cinzentas, tipo twilight zone, que não conseguimos perceber ou controlar inteiramente.
Qual de nós não teve já um jogador a quem não consegue subir a forma média, um daqueles que treina repetidamente, sobe pouco a forma, joga, desce a forma e chega ao fim da época com um valor de desenvolvimento miserável?
Suspeito que é por causa deles que eu, que tinha uma farta cabeleira, ando a ficar sem cabelo.
A questão aqui é a famosa tendência escondida de forma. Esta tendência não é só negativa, também há jogadores que quase não precisam de treinar e estão sempre nos picos, mas para esses não precisamos de explicação,
deixá-los tá-los.
Conseguirmos detectar uma tendência escondida de forma, antes de ela se instalar e nos fazer penar e gastar rios de dinheiro, não é fácil e uma das poucas coisas que nos ajuda é conhecer muito bem os nossos jogadores.
Os treinadores VIP têm acesso a um gráfico com as últimas 5 notações de forma, o que é importante, mas acho que não chega.
No meu caso pessoal, e só na equipa oficial, para cada jogador tenho uma folha Excel em que, entre outros dados, registo os minutos de jogo, lesões, treinos, forma, forma média e VD. Isto permite-me conhecer profundamente o percurso dos meus jogadores, deste que entraram na equipa até hoje.
E será que isso ajuda muito? Heee… Para ser completamente sincero, o facto é que é muito difícil encontrar padrões que me dêem certezas absolutas. Mas permite-me, por exemplo, responder com segurança a uma pergunta.
Há jogadores com tendência escondida de forma negativa permanente e devemos livrar-nos deles rapidamente?
Não, não há. O que há é períodos, às vezes prolongados, em que qualquer jogador pode entrar numa fase dessas e ela não se repetir, ou raramente se repetir, em toda a sua carreira.
E como é que sabemos que isso vai acontecer?
Bem… é aqui, meus amigos, que a ciência matemática domina em todo o seu esplendor. Ou, se quiserem dar-lhe outro nome, podem chamar-lhe palpite.
Exemplo: O jogador X anda há 3 jogos seguidos com a forma altíssima. Humm…
palpita-me que, no próximo jogo, a forma deste gajo vai cair a pique, deixa-me cá dar-lhe um treino preventivo.
Perceberam? Matemática pura!
Agindo desta forma nunca saberemos se a forma do jogador cairia, de facto, abruptamente. Mas sabemos que fizemos o que estava ao nosso alcance para o impedir, ou seja, que o deixámos com a tendência escondida positiva.
E o que fazer quando o jogador já está com a forma nas lonas? Perguntarão vocês.
Simples, respondo eu sacudindo uns fios de cabelo dos ombros.
Quando a tendência escondida de forma negativa já está implantada, há quem defenda (e eu sou um deles) o seguinte comprimido:
Em vez de fazer o treino terminar um dia antes do próximo jogo, fazê- lo terminar um dia depois e dar imediatamente outro treino que, esse sim, termine antes do jogo seguinte.
Isto permite duas notações seguidas de forma, antes de um jogo, e poderá quebrar a tendência negativa e partir para uma positiva.
Claro que só funciona para ligas com um jogo por semana e sem taça, mas, companheiros, é o que se pode arranjar. Isso e rezar muito.
E pronto, lembrem-se que o que aqui foi dito é apenas resultado da minha experiência pessoal.
Sintam-se livres para criticar, perguntar, acrescentar, partilhar e, principalmente, deixarem o vosso donativo à saída.